sexta-feira, 30 de maio de 2014

Apenas 25 anos - Parte 14

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Hospital Psiquiátrico, 2019


Haviam se passado duas semanas depois do insidente na sala da Dra Suzana. Fiquei no meu quarto praticamente esse tempo todo. Conversar com aquele cara me fez lembrar de todo meu passado, então aproveitei o tempo extra para recordar bons momentos com cada amigo que tive, cada namorado, claro que só me lembrava do Jessé, mas me lembrei de cada primo doido da minha família enorme, meus tios e tias, meus avós, tanta gente que eu ama com todas as minhas forças. Fiquei imaginando como eles estavam depois de tanto tempo sem se ver. A última vez que vi todos reunidos foi no natal de 2015, iria se fazer quatro anos.

Decidi pedir um lápis e uma ceneta para mamãe. Depois de uma brande briga com a diretoria ela me conseguiu um caderno e uma caneta no fim da tarde do dia seguinte ao pedido. Iniciei escrevendo a minha história onde nasci, como cresci, com quem cresci, onde estudei, meus amigos da escola, trabalho, minhas musicas e bandas favoritas. Não sabia quem iria querer ler tudo aquilo. Me diverti ao escrever momentos hilários da minha vida. Até chegar ao memento horrível, que mudou minha história de maneira absurda. Parei de escrever e comecei a chorar, solusava, tremia. A visão ficou estranha, foi quando alguém entro pela porta, me segurei ao máximo, limpei os olhos e respirei fundo várias vezes. Quem entrou ali não foi um médico nem uma enfermeira, nem minha mãe, nem a Dra Suzana, pois todos estes que citei, teria tentado me acalmar ou coisa do tipo, mas essa pessoa ficou ali parado do lado dentro do quarto na frente da porta.

Olhei e não acreditei no que vi. Fiquei paralizada ao ver aquele rosto, meus olhos não acreditavam no que viam. Tive vontade de chorar ainda mais, correr e abraçá-lo, mas também senti raiva, medo e continuei o encarando com espanto.
- Não acredito que você está aqui! – Ele disse finalmente. Sua voz era a mesma, mas sua aparência com certeza estava diferente, estava com o cabelo raspado,parecia mais fraco,  estava mais pálido e me olhava do mesmo jeito que eu, espantado.

Antes que pudesse dizer qualquer palava uma enfermeira entrou pela porta e começou a gritar e fez o maior escândalo, apareceram homens fortes e o levaram para fora, ele lutou contra aqueles guardas mas o levaram mesmo assim. Ainda assim não consegui acreditar no que tinha visto. Ainda assim estava espantada, pensei que pudesse ser alucinações, efeito dos remédios que me deram. Inacreditável.





Depois de alguns minutos me acalmei e notei que nada daquilo tinha sido ilusório. Ele estava naquele hospital em algum lugar. Ele estava mais perto do que nunca. Era real, tudo que vi foi verdadeiro. Jessé estava aqui.

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Apenas 25 anos - Parte 13

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Fui até a varanda e olhei na rua, não havia ninguém ali. Peguei meu celular e liguei pra ele. Caixa Postal. A cada minuto que passava ficava mais preocupada. Deu oito horas e nada do Jessé aparecer, já tinha ligado e mandado mensagem umas trinta vezes. Tirei o salto e calcei um chinelo. Liguei mais algumas vezes e decidi entrar e colocar um pijama, já eram quase nove horas da noite. Assim que entrei no meu quarto ouvi meu celular vibrar. Corri, atendi.
- Finalmente! - Disse irritada.
- Amor... - A voz estava rouca - Vou demorar, acho melhor cancelar...
- Pelo amor de Deus, Jessé! O que está acontecendo? Você está me deixando preocupada de verdade! Onde você está?
- Em casa... Quase em casa... Vem pra minha casa o mais rápido que você puder. Pode ser?
- Ok. Estou a caminho.
Desliguei o celular e corri pra cozinha.
- Caio, me presta o seu carro? - disse gritando quase não conseguindo me conter.
- Claro! - Ele respondeu - Tá tudo bem?
- Vou descobrir! Cadê a chave?
- Ta aqui - Me entregou a chave - Me liga assim que puder!
- Ok. - saí correndo pela porta da cozinha e gritei - Tchau!

Peguei o carro e dirigi tensa. Parei no semáforo e quase tive uma parada cadíaca quando vi um carro batido. Relaxei um pouco quando vi que o carro não era o de Jessé. Segui em frente e cheguei na casa dele. "Seria tão melhor se ele não tivesse se mudado para tão longe da minha casa." Pensei. Saí do carro desesperada e abri o portão, quando abri a porta da sala, estava tudo escuro, atravessei a sala e fui em direção a cozinha, havia velas na mesa e algumas espalhadas.

- Que assustador - olhei e vi Jessé vindo na minha direção e suspirei aliviada - Graças a Deus!
- Assustador? - Foi chegando mais perto, enorme parecia um monstro naquele escuro. Me puxou pra si e me abraçou.
- Você cozinhou? - Perguntei ainda em seus braços
- Claro que não. Você tá cheirosa.
- Tomei banho, né. Mas porque você não me disse que faríamos um jantar na sua casa? Ai meu Deus, preciso avisar o Caio que está tudo numa boa! - Ele me soltou e foi em direção a pia, peguei meu celular e mandei uma mensagem avisando que estava tudo bem.
- Pedi para minha mãe fazer lasanha, você ainda adora lasanha né? - Jessé perguntou de costas para mim.
- Amor, você tá bem?
- Relaxa amor. Era só pra você vir correndo. Ficou preocupada é?
- Nossa Jessé - Andei até onde ele estava - Você me deixou desesperada. Ainda mais porque tinha uma batida de carro aqui perto, nossa, você quase me matou!
Ele riu imaginando meu desespero. Cheguei por trás e o abracei novamente, estava aliviada por saber que ele estava bem, feliz por estar ali do lado dele. Com certeza aquele dia foi cheio de surpresas.

Jantamos e depois decidimos assistir um filme, a casa estava todinha só para nós. Assistimos um filme de comedia e acabei dormindo no sofá ao lado dele quando o filme foi ficando chato. Assim que a Dona Joana chegou ela nos acordou e avisou que já eram quase uma da madrugada. Olhei no relógio e eram meia noite e quarenta e dois. A TV estava ligada e o DVD também. Jessé acordou e me abraçou com força e não quis me soltar, aqueles braços fortes me agarraram, fiquei imóvel e desejei que ele nunca me soltasse.
- Não quero te soltar - Ele disse com a voz mais grave que o normal.
- Não quero que você me solte.

Continua...

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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Apenas 25 anos - Parte 12

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Cheguei, joguei a minha bolsa no sofá e entrei tomar banho. O lado bom de ter cabelo curto é que posso lavar sempre. Então coloquei musica para tocar, e liguei o chuveiro. Estava ansiosa para o que Jessé tinha aprontado para mim. Deixei a água do chuveiro caindo enquanto escovava os dentes na pia. Usei um óleo hidratante para o banho e meu shampoo favorito, fiquei de baixo do chuveiro durante alguns minutos e já organizava, na minha cabeça, a roupa que iria usar. Não sabia ao certo se iriamos a um restaurante chique ou se passearíamos no shopping, então procurei uma roupa que fosse nova e confortável, mas que também fossem elegante de forma casual.

Saí do banho e já coloquei a roupa que tinha escolhido, fiquei me encarando na frente do espelho e não tive certeza se essa era a melhor roupa. Fui até o banheiro e peguei meu celular, desliguei a musica e liguei para o Jessé.
- Fala minha gatinha - Ele disse quando atendeu.
- Hey! - eu ri - me respeite rapaz!!
- Fala querida! Assim está melhor?
- É. Amor, me fala onde a gente vai? Preciso arrumar uma roupa para ir.
- Ah não.. - Ele disse malancólico - Mas é surpresa.
- Eu só preciso saber se é um restaurante ou se é um passeio em algum lugar. Se a gente vai andar bastante... Preciso saber de coisas como essas.
- Deixa eu pensar... - Fez uma pausa e suspirou - Não vamos andar, vamos ficar parados. Sentados.
- Tudo bem, não precisa dizer mais nada. Beijo, te amo!
- Também te amo. Me liga assim que estiver pronta, por favor antes das oito.
- Tudo bem. Tchau!
- Tchau.

Desliguei o celular e o joguei na cama. Coloquei um vestido e um salto. Sequei o cabelo com o secador e mandei uma mensagem para o Jessé.

"Oi gatinho. Estou pronta, pode vir me buscar! Estou de vestido, melhor vir de carro. Beijos, te amo"

Assim que a mensagem foi enviada fui passar maquiagem, Sem abusar muito do blush e da sombra como sempre. Coloquei um colar de pingente dourado que ganhei da Juliana no meu aniversário do ano passado, e escolhi brincos e um anel que combinassem. Coloquei minha aliança prateada e desci pra cozinha.

- Tá bonita Mari - Bruno gritou - onde você vai?
- É óbvio que ela vai comemorar né amor - Alice disse cortando cenouras. Estavam todos na cozinha cozinhando enquanto Maria Eduarda, minha irmã mais nova, estava dormindo no quarto.
- Um ano de namoro não é pra qualquer um né! - Caio disse temperando a carne.
- Vocês são lindos - Eu disse e peguei meu celular na bolsa - Todos vocês! Estou tão feliz, esse momento merece uma foto.
Juntei com o Caio, a Juliana, o Bruno, a Alice, mamãe e papai, e tiramos varias fotos até conseguirmos tirar uma quase decente para ser publicado no meu instagram.
- Gente o Jessé não chegou ainda?! - Perguntei meio preocupada.
- Não, acho que não. - Caio respondeu - Vai lá na sala e dá uma olhadinha lá fora.
- As vezes ele está lá te esperando - Juliana completou.

Continua...

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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Apenas 25 anos - Parte 11

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Depois que li aquela mensagem toda, resolvi ir almoçar em casa. Liguei para o Caio e avisei que iria pra casa mas antes passaria na padaria comprar um refrigerante. Não estava afim de passar vergonha no centro então fiz o que Jessé pediu, fiquei longe o quanto pude. Estacionei a moto na garagem de casa. Quando abri a porta da sala, Jessé estava segurando um buque de rosas brancas no meio do tapete e com um sorriso enorme.
 - Eu gosto tanto de você e pra sempre quero ser seu eterno namorado - Jessé começou a cantar - Vamos juntos aprender um ao outro compreender para andarmos lado-a-lado. Eu quero te fazer sorrir, eu quero você sempre aqui, meu amor. Isso é amor!

Quando ele terminou, eu fiquei feliz por estar em casa e não no centro da cidade com um monte de pessoas que eu não conheço. Andei ao encontro dele e o abracei emocionada.
- Não acredito que você fez isso - disse ainda o abraçando.
- Você merece muito mais.
Peguei o buquê e me maravilhei com aquelas rosas brancas.
- Ainda tem mais um presente pra você, - ele sussurrou -  mas esse eu só vou te dar no nosso jantar.
- Jantar? Onde? - Perguntei.
- Bom, é surpresa mas fique bem arrumada. Agora vamos comer que eu estou morrendo de fome!

Fomos até a cozinha e Caio estava lá com Juliana, a sua namorada. Os dois arrasavam na cozinha, além de serem super fofos um com o outro, foi Caio que me ensinou tudo que eu precisava saber sobre um relacionamento, como agir em varias situações e muitas outras coisas. Antes de começarmos a comer, Bruno e Alice chegaram com a mamãe e o papai.

Almoçamos todos juntos, naquele dia parecia domingo.

Continua...

Parte 12 aqui

sábado, 24 de maio de 2014

Apenas 25 anos - Parte 10

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7 de Novembro de 2014

Acordei ás 6h da manhã e fui direto tomar banho. Entrava no trabalho às 7h30 e não gostava de me atrasar. Depois do banho fui até a cozinha e Caio, meu irmão do meio estava lá.
- Bom dia Caio - Dei-lhe um beijo na testa e peguei uma caneca para me juntar a mesa e tomar chá - Tá tudo bem?
- Bom dia - Disse ele com a voz rouca - Acho que acabou o pão. E aí você está animada pra hoje?
- Animada? - Eu ri, puxei a cadeira e me sentei ao seu lado - Até parece que é você que está fazendo um ano de namoro com o Jessé!
- Ah.. Você sabe que ele é diferente dos outros né? - Baixou o tom como se desse um conselho - Se eu fosse você se preparava para uma grande surpresa. Que nem no seu aniversário.
- Você sabe de alguma coisa? - Perguntei num tom sério.
- Você vai se atrasar se ficar papiando aí.
- Relaxa, eu tenho tempo - olhei o relógio - Vish. Não tenho tempo não! Você viu onde eu deixei a chave da moto?
- Está lá na sala, onde você sempre deixa.
- Valew. - Corri em direção a sala.
- Tchau. - ele gritou.
- Fui - e saí pela porta da frente em direção a moto.

Ela era amarela e azul, uma Honda série especial CG 150 Titan 2014, o ano da copa no Brasil. Minha xodó. Ganhei do meu pai no meu aniversário em Maio daquele ano. Acelerei com ela pela avenida e fui para o trabalho. Cheguei quinze minutos adiantada, estacionei no subsolo do prédio e subi pelo elevador. Quado entrei encontrei Angeline e Murilo.
- Bom dia gente tudo bem? - Eu disse empolgada.
- Olha só Rilo como ela está animadinha!! - Angeline começou - Acho que hoje deve ser um grande dia pra ela!
- Hoje deve ser alguma data comemorativa muito especial - Disse Murilo rindo - Se ela tivesse falado alguma coisa durante todo o mês a gente saberia o que é. Que pena que ela não disse, né Line!
- É, eu não disse nada. Fiquem aí seus bobocas. - Eu disse brincando.

Aquele dia foi normal até a hora do almoço. Recebi uma mensagem gigante do Jessé que dizia:

"Oi minha linda!

Hoje é o dia em que completamos 1 ano de namoro, e nesse tempo todo que te conheço você nunca me fez tão feliz quanto hoje, e amanhã essa alegria é elevada ao quadrado, e assim todos os dias. Você é o anjo que Deus enviou só pra mim! Eu te amo muito, e já que hoje é um dia especial, nosso primeiro ano juntos, vou te contar um segredo: Eu sou louco! Os médicos disseram que eu nunca poderia me apaixonar por alguém, isso se eu quisesse manter minha sanidade. Então eles me mandaram ficar o mais longe possível de todas as meninas lindas desse planeta. Mas depois que te reencontrei não pude me controlar, sabia que algo maravilhoso estava para acontecer, um amor absurdo que ressuscitaria o louco que há dentro de mim. Então tentei ao máximo me segurar, não queria te assustar com minhas maluquices, mas hoje... Eu sinto muito... Mas hoje eu perdi o controle e sei que meu lado louco vai aprontar alguma com você. Por favor me perdoe se te fizer pagar algum mico. Espero que ainda assim você continue me amando.


Te amo Mari

P.S.: Fique o mais longe possível do centro!
/Jessé"


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Parte 11 aqui

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Apenas 25 anos - Parte 9

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Quando notei ele já tinha sumido dali. Fiquei me perguntando como eu arranjaria um cigarro nesse lugar? E porque ele disse que esse lugar estava o matando? Tudo aquilo me deixou pensativa. "Que loucura" pensei, e ri sozinha por notar onde estava e que fazia sentido um louco num hospital psiquiátrico. A enfermeira entrou no meu quarto poucos minutos depois.
- Está tudo bem moça? - Ela perguntou parecendo preocupada
- Estou sim, relaxa, vou ficar numa boa. - Pensei em comentar com ela a repeito do rapaz mas achei melhor deixar pra lá, não queria que ninguém se encrencasse.
- Vamos, a Dr. Suzana mandou te chamar.

A enfermeira me levou até uma sala e me disse que a Dr. já viria. Esperei durante alguns minutos e não conseguia parar de pensar naquele rapaz, talvez por ser alguém naquele lugar que não me viu como uma paciente louca e sim como uma pessoa qualquer. Preferia mil vezes ser uma pessoa qualquer do que estar naquelas condições. Em alguns momentos minha mente se esvaziava e eu me deprimia sozinha, não precisava de ninguém, nem de nada. Aquela tristeza foi me dominando, meu coração ficou apertado, a respiração difícil, tudo em volta não fazia mais sentido. Me levantei do banco e fui em direção a parede, coloquei as palmas das minha mãos nela. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, a porta se abriu. Fiquei paralisada ali na frente da parede, a Dr. Suzana sabia o que eu estava querendo fazer.

- Mari você sabe que isso não vai resolver seus problemas - Ela disse com uma voz suave.
Sem eu querer algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto, tirei as mãos da parede e abaixei a cabeça. Ela me abraçou, não precisou dizer nada, naquele momento eu entendi que precisava de ajuda, entre os soluços tentei dizer alguma coisa mas Dr. Suzana não deixou, ela disse que não precisava dizer nada.

Assim que me acalmei, ela me perguntou sobre o que havia me levado a ter esses impulsos. Não queria falar sobre aquilo, de novo a vontade de falar sobre isso ou qualquer outra coisa havia sumido. Ela me fez várias perguntas e não respondi nenhuma, tentou de todas as formas até que se passaram duas horas que estávamos naquela sala, sem respostas ela me levou de volta para o quarto.

Me deitei na cama e tentei com todas as minhas forças bloquear minhas lembranças. A enfermeira entrou no quarto com alguns comprimidos e me deu. Assim que tomei, me cobri e tentei dormir. Sonhei.


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Parte 10 aqui

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Apenas 25 anos - Parte 8

Primeira semana de outubro, 2019

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Acordei naquele quarto verde e frio com vontade de vomitar. Já tinham se passado algumas semanas que, para mim, pareciam meses desde a minha chegada a esse lugar. Minha mãe estava sentada numa poltrona lendo um livro com o título "O que esperar quando se está esperando". Ainda enjoada me levantei da cama e virei pra ela, fiquei observando seus olhos escuros se mexendo conforme lia cada palavra daquele livro, o cabelo curto começando a ficar grisalho em volta da testa, ela tinha as mãos gordinhas com unhas idênticas as minhas, como ela estava linda.
- Ah você já acordou - Ela disse fechando o livro e se aproximando da minha cama - Dormiu bem?
- Sim, dormi... Aquilo que você estava lendo é um livro de gestante? Você está grávida mãe?
- Eu? - Ela riu sem exitar - Claro que não querida, não posso ter mais filhos se lembra? Aquele livro não é meu, é da esposa do Bruno ela está grávida.
- Alice? Mas já? Eles se casaram faz um ano.
- É, Alice. Ela me pediu pra ler o livro o me dizer o que eu acho, já que estou aqui com você e tenho muito tempo sobrando. Você sabe que os pais dela faleceram né? Acho que somos a única família que restou pra ela.
- Que dó dela então em... - Deitei de volta na cama - E que dó desse bebê, ter uma tia assim como eu.
- Não fale assim Mariana, você logo, logo vai sair daqui.

Depois um longo silêncio se seguiu, e eu me senti culpada por fazer minha mãe ficar naquele hospital de loucos comigo ao invés de ajudar a Alice, afinal ela não tem ninguém. Pensei em retomar o assunto com mamãe pra ver se conseguiria me desculpar mas achei melhor deixar pra lá, já que ela também se sentia culpada por tudo que estava acontecendo na minha vida. Seria como cutucar ainda mais uma ferida aberta em nós duas.

Alguns dias depois, eu estava acordada na cama e resolvi passear pelo quarto, já que estava sozinha ninguém me veria dando uma de louca num hospital psiquiátrico. Me levantei e senti meus músculos esticando, demorou um tempo até me acostumar com o chão gelado. Andei devagar até chegar a janela e tentei olhar para descobrir o que havia do outro lado. Parecia o pátio do hospital, mas estava diferente, parecia maior. Não tinha ninguém lá e era logo após o almoço, imaginava que as pessoas pudessem ficar a vontade depois do almoço. Estava realmente cansada, fisicamente e espiritualmente, então agachei e me sentei no chão logo a baixo da janela. Fiquei sentada ali por alguns minutos até que ouvi um barulho no vidro, me assustei e me levantei de pressa para ver o que estava acontecendo. Olhei e vi que um cara branco de cabeça raspada me encarando, o olhar dele não me assustou, por incrível que pareça.
- Hey - Ele disse ainda me encarando - Você tem cigarro aí?
- Não.
- Qual é, arranja um cigarro pra mim vai?!
- Quem é você?
- Shhhhh! Fala baixo!
- Quem é você? - Sussurrei.
- Sou um louco querendo fumar um pouco, arranja pra mim cigarro por favor, esse lugar está me matando! Amanhã eu volto aqui nesse mesmo horário.
- Hey! Não! - Sussurei tentando gritar ao mesmo tempo - Não vou arranjar cigarro nenhum!


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Parte 9   aqui

terça-feira, 20 de maio de 2014

Apenas 25 anos - Parte 7

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Parte 6 aqui

Quando Jessé estacionou o carro na frente de casa eu, sinceramente, não queria descer. Fiquei sentada ali no meu lugar como se o carro estivesse andando, de repente a porta se abriu olhei e vi aquele grandalhão que tinha me defendido do Mateus. Admirei-o por alguns segundos, aquele cabelo escuro bagunçado, com um olhar doce, sobrancelhas perfeitamente desenhadas, naquele momento percebi que ele não tinha mudado nada, só cresceu e cresceu muito. Com esses poucos segundo percebi que ele também me encarava.

- Essa ainda é a sua casa né? - Ele perguntou depois de um tempo.
- Sim. - Saí do carro e ele fechou a porta, ainda encostada na porta continuei - Passamos bons momentos nessa casa você se lembra?
- Eu me lembro! - Disse Jacke ainda dentro do carro.
Abaixei a cabeça com vergonha, Jessé riu um pouco da intromissão da irmã e depois pegou na minha mão e me puxou para si. Quando notei, estava sendo abraçada por aqueles braços fortes, senti aquele cheiro de perfume, não muito forte mas muito gostoso, e pude ouvir seu coração batendo acelerado. Ainda me abraçando ele disse:
- Saudade desse teu cheiro.
Eu estava muito sem graça pra dizer qualquer coisa então apenas o apertei mais forte.
- É bom saber que você está bem - Disse por fim e me soltou. - Me passa seu número?

Antes de dizer uma palavra, Jacke praticamente, pulou no meu colo me abraçando também. Senti que aquilo era como um ritual que se tinha que fazer quando encontrava um amigo que a muito não se via.
- Acho melhor vocês entrarem e conhecer minha irmãzinha de 3 aninhos - eu disse depois que a Jacke me soltou - A casa deve estar uma bagunça, teve festa pra ela hoje.
- O que você acha Jessé? - Jacke perguntou como sempre, bem animada.
- Sei não. - Fez uma pausa - Que horas são?
- Ah relaxa está cedo ainda, - eu disse - tenho certeza que estão todos acordados.
- Acho melhor deixar para outro dia - Jessé encarou Jacke de novo, o que a fez mudar de idéia rapidinho - Você não acha Jacke?
- Bom, é... É Jessé deixa para outro dia!
- Tem certeza - Insisti.
- Temos que voltar para casa logo. - Jacke respondeu cabisbaixa voltando para o carro.
- Jessé! - Eu o chamei.
- Fala Mari.
- O que ela tem?
- A Jacke? Não é nada, só cansaço.
- Meu número é esse aqui - Mostrei o meu celular para ele.
- Ok - Disse depois de um tempo - Está anotado, posso te ligar ainda hoje?
- Claro!
- Boa noite - Ele disse abrindo a porta do carro.
- Boa noite.

Continua...


Parte 8   aqui

Apenas 25 anos - Parte 6

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O carro era um Corolla e estava limpíssimo, Jessé sempre foi muito exigente a respeito de limpeza. Todo preto com faróis lindos, aquele carro me seduziu, me fez imaginar muita coisa que hoje me envergonho. Entrei no carro pela porta de trás sem perceber que só tinha ele ali dentro.
- Ué?! Cadê a Jacke? - Perguntei quando percebi.
- Ela está no - Fez uma pausa - Porque você está aí atrás?
- Onde ela está?
Ele riu meio perdido ainda, olhou pra frente e ligou o carro.
- Onde ela está Jessé? - aumentei o tom da voz
- Calma Mari, eu estou indo buscá-la ali na frente, na lanchonete. Agora coloque o sinto e não se preocupe, não vou te sequestrar.

Jessé não fazia o tipo de garoto que me assustava, realmente não estava com medo de qualquer coisa ruim que ele pudesse fazer comigo. Puxei o sinto e senti o cheiro de carro novo, me imaginei dirigindo esse carro, acelerando na rodovia, ou indo para o shopping com as amigas ouvindo musica alta e rindo bastante. Imaginei Angeline no banco do carona e, Karol e Luíza nos bancos de trás.

- Mari? Você ainda está aí?
Estava com a mente tão longe que nem tinha percebido que Jessé estava tentando puxar assunto.
- Estou sim Jessé, o que foi? - Perguntei com um sorriso no rosto, minha imaginação foi tão longe que pareceu real por um segundo.
- Quem era aquele cara que você estava gritando? Seu namorado?
- Deus que me livre Jessé! - Exclamei - Ele é um garoto idiota que me fez muito mau um dia.
- Ainda bem que ele não é seu namorado - disse Jessé parecendo aliviado.
- Mas porque?
- Ele é muito esquisito, parece um carrapatinho - Ele riu baixo sendo discreto - Desculpa.
- Carrapatinho? Uma boa piadinha pra fazer com a galera! - chegamos na lanchonete - E não precisa se desculpar.

Ele estacionou o carro e desceu sem dizer nada, cheguei a pensar que eu tinha o ofendido. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa ele bateu a porta do carro. Meu celular começou a vibrar na minha bolsa, era Angeline.
- Alô? - Disse ao atender.
- O que aconteceu Mari? Você saiu daqui correndo com uma cara de quem iria chorar sem falar nada com ninguém. Aconteceu alguma coisa? Você está com o Mateus? Ele não está aqui. Onde você está?
- Calma Angeline! Eu to legal, se o boboca do Mateus sumiu a culpa não é minha, e sim do grandalhão que ameaçou bater nele quando gritei com o Mateus. - As portas da frente se abriram quase que ao mesmo tempo - Tenho que desligar, te ligo quando chegar em casa, tchau.

Desliguei o telefone antes que ela dissesse qualquer coisa, pois se conheço Angeline, ela arrastaria aquela conversa o resto da noite, querendo saber de cada detalhe daquela discussão que não estava afim de relembrar. Assim que guardei o celular a Jacke virou para trás e começou a gritar:
- Caraca você não mudou nada Mariana! Faz tanto tempo que a gente não se vê e você continua igual as fotos, não é mesmo Jessé?
- Jackeline, pára de gritar desse jeito. Vai assustar a Mari - Disse num tom mais grave acelerando o carro - E sim, ela continua a mesma das fotos.
- Espera aí - eu disse empolgada- Vocês têm fotos nossa de quando criança? Vou querer ver todas!
- O Jessé te mostra, tem quase todas no celular dele. - ela fez uma pausa e olhou para o Jessé, os dois se encararam por alguns segundos, Jacke estava com uma cara maliciosa, mas apenas com um olhar dele a cara dela se desfez - É isso aí - disse meio sem graça.

Mesmo sem entender nada acenei com a cabeça e dei um sorriso simpático. Estava feliz por rever os dois e também muito curiosa pra saber onde eles estiveram todos esses anos, se fizeram faculdade, onde estão trabalhando, se ainda estavam indo na igreja, entre varias outras coisas.

Continua...


Parte 7   aqui




domingo, 18 de maio de 2014

Apenas 25 anos - Parte 5

Parte 1 aqui
Parte 2 aqui
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Parte 4 aqui


Aquilo me deixou louca de raiva, queria chutar aquela cara de safado dele, eu sabia se não fosse atrás acabaria me sentindo mal, poxa ele só queria pedir desculpas. Mesmo com raiva, me levantei da mesa e fui ao banheiro, passei um tempo me olhando no espelho, pensando e montando algumas frases que pareciam legais na minha cabeça. Dei uma última ajeitada no cabelo respirei fundo e fui direto pra fora da pizzaria, lá estava ele me esperando. Quando Mateus me viu sorriu de maneira estranha, parecia triste.
- Sabia que você viria - disse ele me encarando.
- Olha, eu não estou aqui por você, estou aqui por mim, ta legal?! Fala logo o que você tem pra me falar que está frio aqui fora.
- Ok.. Eu sei que te magoei, eu sinto muito. - Fez um pausa, olhou para o céu - Acho que você nunca vai me perdoar pelo que eu fiz, a gente era tão amigos e eu estraguei tudo. É que eu achei que havia mais do que só amizade entre nós, você sempre estava ali quando eu precisei, e eu sempre estava com você quando você precisou. Nossa amizade sempre foi muito importante pra mim. Não quero que acabe assim.
- Você está se desculpando ou se justificando? - Perguntei com o olhar firme.
- Mari - Ele pegou na minha mão - Você é muito importante...
- Para com isso Mateus, qual é o seu problema? - Soltei a mão dele e sem perceber comecei a gritar - Você apronta comigo, ta certo que você não fez nada sozinho, e por um segundo eu até pensei que nós poderíamos dar certo. Não sei onde eu estava com a cabeça!
- Mari relaxa, eu sei que você não quer assumir pra ninguém, pois não é possível que você não goste de mim depois de tudo que passamos juntos!
Quando ele ergueu a mão em direção ao meu rosto bati com toda a minha força naquela mão asquerosa dele. Estava com tanta raiva.
- O que está acontecendo aqui? - olhei e vi um grandalhão com um rosto enfurecido fitando o Mateus - O que você quer com ela?
- Cara, quem é você? - Perguntou Mateus com a voz tremula.
- Ele está te incomodando Mari? - Levantei os olhos e reconheci aquele rosto de algum lugar.
- Ele... Eu... - Não consegui montar uma frase decente, estava nervosa não sabia o que fazer.

Dei as costas e entrei na pizzaria peguei a minha bolça e fui em direção ao ponto de ônibus, foi tudo muito rápido nem ouvi as pessoas me chamando querendo saber o que aconteceu. Quando cheguei no ponto de ônibus, comecei a chorar de raiva, me arrependi de ter deixado o Mateus me manipular daquele jeito, como ele pode pensar que eu gostava dele? Que absurdo!
- Mari? - Era o grandalhão de novo.
- O que foi? - eu disse limpando o rosto das lágrimas, respirei fundo e o encarei.
- Você não está me reconhecendo?
- Desculpe, mas  acho que não te conheço...
- Meu nome é Jessé, eu moro na sua rua, sou filho da dona Joana, sabe?
- Dona Joana eu conheço, ou melhor minha mãe a conhece, mas Jessé... - lembrei - Jessé!! Caramba, como você cresceu, está enorme.
- É pois é... - Riu encabulado - Acho que faz tempo que não nos vimos, mas a verdade é que você não cresceu nada.
Foi bom rir um pouco depois de passar aquele nervoso. Como o Jessé estava diferente, estava mais bonito, mais forte, não lembrava nenhum pouco o menino que brincava comigo e com meus irmãos quando criança. Aprontamos muito quando pequenos, fiquei tentando imaginar quando foi que nos separamos. Depois de um longo silêncio ele disse:
- Mari, acho melhor eu te levar pra casa, é perigoso andar de ônibus nesse horário.
- Que isso Jessé, não se preocupe comigo. E além do mais, não são nem dez horas ainda.
- Mesmo assim. Eu insisto. Eu já estava indo embora mesmo, meu carro está na esquina de cima, vamos lá?
- Só nós dois? - Perguntei indecisa.
- Não, minha irmã está aí. Você se lembra dela?
- A Jacke?
- Sim, - ele riu - pelo menos dela você se lembra. Vamos?
- Ok... Vamos.


Continua...


Parte 6   aqui

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Apenas 25 anos - Parte 4

Parte 1 aqui
Parte 2 aqui
Parte 3 aqui

Depois de responder varias perguntas sobre o tudo que eu fiz depois que me formei no ensino médio e de cada um ter contado um pouco do que fizeram desde então, percebi que ninguém tinha comido nada, então perguntei:
- O que vocês pediram que ainda não chegou?
- A gente não pediu nada - Angeline respondeu ainda dando beijinhos no queixo de Pedro - Não vamos comer aqui.
- Estamos decidindo se vamos para uma pizzaria - disse João Victor
- Entendi, mas acho que vou voltar lá com meus irmãos.
Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Angeline me puxou e disse bem alto pra toda a praça de alimentação ouvir:
- Não, não mocinha! Você já escapou uma vez ano passado, não vou deixar você fugir de novo! Você vai com a gente na pizzaria!
- Isso mesmo! - Disse Murilo - Já está na hora de você se divertir um pouco com a gente!
- Ah gente... Não é tão simples assim. - Eu disse com cautela, para não provocar uma revolução ou um sequestro - Preciso ver isso com meus irmãos o Bruno e o Caio.
- A gente vai lá com você - Sugeriu Karol - Não se preocupe.
- Tudo bem então. Vamos lá!

Levantamos e fomos até a mesa onde meus irmãos estavam comendo esfirras que pareciam deliciosas, naquele momento quase desisti de ir pra ficar ali com eles comendo aquilo que parecia uma maravilha. Depois que apresentei todo mundo e perguntei se eles ficariam numa boa se eu fosse, eles nem ligaram, acho que as esfirras estavam mesmo deliciosas. Peguei a minha bolça e me despedi de meus irmãos.

Estávamos com dois carros um do Pedro e o outro do João Victor. O carro do Pedro estava mais limpo por fora porem não era tão novo quanto o carro do João Victor, naquela época eu ligava muito para a aparência, não me orgulho disso, mas fiquei com uma dúvida cruel sobre qual carro iria entrar, mas assim que o Mateus me disse que iria com o João Victor, decidi na hora que iria com o Pedro e a Angeline, naquele momento deixei claro para todo mundo que ainda não queria fazer as pazes com o Mateus. Dentro do carro do Pedro foi eu, a Angeline, a Luiza e a Karol, e no outro carro foram todos os meninos, o João Victor, o Mateus, o Renato e o Murilo.

Quando chegamos na pizzaria, que por incrível que pareça estava vazia, fomos escolher onde sentar, então juntamos algumas mesas e fui até o banheiro para ver se a minha maquiagem tinha saído toda, tinha sobrado um pouco de lápis e sombra, era o suficiente para aquele começo de noite que seria maluco. Quando voltei tinha um lugar separado pra mim, fiquei feliz por poder ficar ao lado da Angeline mas jogaria ela em baixo de um ônibus só pra poder ficar longe do Mateus, infelizmente acabei me sentando do lado dele, mas dei as costas pra ele e fiquei conversando com as meninas. Até então estava muito divertido, comi bastante e bebi um monte, relembramos momentos hilários do tempo de escola e morri de rir ao lembrar de muita coisa louca que aprontamos juntos. Senti alguém cutucando meu ombro, sabia que era o Mateus eu queria virar e dar um soco na cara dele. Virei pra ver o que ele queria e fiz uma cara de desdém.
- Nossa, que foi que eu fiz - o Mateus não sabia nem se fingir de inocente - Pra que fazer essa cara?
- O que você quer?
Ele se achegou e disse mais baixo:
- Preciso conversar com você - Fez uma cara de cachorro sem dono - Tenho que me desculpar.
- Não quero ir lá fora com você - Forcei ao máximo meu rosto, não queria demonstrar nenhum sentimento por ele, ele não merecia isso - Não quero ouvir o que você tem a me dizer.
- Qual é Mari, não vou te atacar - Ele se levantou da mesa e virou pra mim e disse mais baixinho ainda - Estou indo lá, você vem?

Continua...