terça-feira, 25 de novembro de 2014

FRIENDS - Parte 3

Manu Ramos


Assim que desliguei o telefone, me joguei na cama e comecei a lembrar dos bons momento ao lado do Guilherme. Como aquela vez em que fizemos um pique nique no lago. das piadas sem graça que ele contava pra me distrair quando eu ficava tensa. A saudade estava me matando! Um mês sem se ver, sem um beijo ou um abraço, por mais que eu ligue pra ele todos os dias, as vezes só pra ouvir a sua voz, não estava feliz em deixá-lo com aquela amiguinha dele, Lara.Não vou nem gastar meu tempo contando pra você quantas vezes ela tentou acabar com o meu namoro com o Gui.

Apesar de tudo e de todos, nós estamos namorando à dois anos. Eu o amo por tudo que ele é, e por tudo que ele faz. E eu sei que ele me ama e nunca me trairia, porque ele escolheria uma garota como eu para trair? Eu, que não faço parte da elite assim como ele e todos os seus amigos, que sou mais nova do que todos eles. Que, até hoje, não consegui me "enturmar", não sou do tipo que está sempre cheia de maquiagem como a Thais, nem do tipo que está sempre de vestido como a Lara. Eu sou do tipo que anda de ônibus, gosta de músicas de bandas que ninguém nunca ouviu falar, prefere um filme em casa do que ir ao shopping gastar um dinheiro que não é meu, vou muito mais à um bar do que à balada. Odeio ser fotografada, nunca me sinto à vontade pra isso, mesmo com o Gui insistindo que meu corpo e meu estilo entram em harmonia perfeita diferente da Lara que é magra demais ou Thais que exagera na maquiagem.

As vezes eu fico pensando que poderia arrumar amigos que fossem mais a minha cara, mas pessoas como eu gostam de ficar sozinhas e não fazem amizade fácil. Eu não sou do tipo que saio cumprimentando todo mundo. Talvez seja por isso que os amigos do Gui meio que se tornaram os meus amigos também, já que ele é tão desinibido e assanhado, no sentido de fazer amizades claro.

- E aí? Tá pronta?

É claro que se eu não fosse interrompida pelo meu professor eu iria longe com os meus pensamentos. Naquele momento tudo se voltou para o meu diploma, se todo meu tempo de exílio valeu a pena. Já que o professor me chamou de maneira suave e não agitada como sempre, meu coração disparou descontrolado. Levantei da cama, peguei minhas malas e corri pelo corredor, logo atrás dele. No fim do corredor tinha uma porta bem grande, toda preta. Antes de abrir a porta fez sinal para deixar as malas do lado de fora. Entramos na sala e um senhor me aguardava em pé, meus joelhos tremeram.

- Olá senhorita Manoela! - A voz daquele senhor ela muito agradável. - Sente-se por gentileza. senhor Ronald fique a vontade - ele esticou o braço apontando para as cadeiras depois olhou diretamente para mim enquanto descia lentamente o quadril até o acento - Espero que não tenha demorado tanto me aguardando querida.
- Não, não, magina. - Respondi depressa.
- Que bom. Enfim, você sabe que a nossa escola te disponibilizou uma bolsa, e como qualquer outro benefício, você teve que mostrar se estava apta a receber o nosso diploma. Analisei suas provas pessoalmente senhorita e posso te garantir que você me intrigou muito com o seu modo filosófico de pensar. Acredito, e aposto, que você não trabalhou nisso sozinha, é claro que seu orientador te instruiu de maneira correta, já que ele foi um de nossos alunos. Bom, a pergunta é a seguinte: Você teria o interesse de fazer a sua pós graduação aqui conosco?
- Pós graduação? - Repeti empolgada - Eu... Nossa, eu não teria palavras para descrever a minha alegria, caso isso acontecesse.
- Fico muito feliz ao ouvir isso minha querida. Eu sei também que a sua graduação só acabará no próximo ano. Mas ainda assim sua vaga estará garantida aqui conosco.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

FRIENDS - Parte 2

Gui Ferreira

Na boa. Quando eu vi aquele cara, deitado no gramado com aqueles mauricinhos, confesso, eu não gostei nem um pouco dele. Mas Lara estava tão paralisada, de maneira apaixonante, que não pude falar o que pensei, sei lá, foi melhor assim. Quiz desviar, e mudar de assunto mas era tarde demais, ele avistou Lara, se levantou e caminhou em nossa direção.

- Ai meu Deus fala pra mim que ele não está vindo pra cá - disse Lara com o canto da boca, ela fazia isso quando ficava nervosa.
- Acho que tá. - Eu não queria dizer nada que pudesse magoá-la então reduzi as palavras ao máximo que pude.
- Oi - Ele parou na frente dela esperando uma resposta.
- Oi! - Eu respondi antes, e o tom saiu mais grave do que eu esperava. Ele me encarou um pouco constrangido.
- É.. Vocês estão juntos?
- Não! - Lara respondeu depressa. Seguiu-se um silêncio constrangedor, até que eu decidi sair dali.
- Bom, acho que vocês querem conversar, né? Então, a gente se vê depois Lara.

Eles ficaram em silêncio ainda, pareciam hipnotizados. Eu iria ficar analisando-os de longe mas meu celular tocou, era Manu.
- Alô? Manu? - Disse ao atender
- Oi amor, tudo bem?
- Sim, e aí ta tudo certo pra amanhã?
- É.. - A voz vacilou - Eu vou dar um jeito nas coisas aqui, e tudo vai dar certo. Estou com muita saudade! Esse lugar me faz pensar em você o tempo todo, mal consigo estudar. - Ela estava em um internato, um curso intensivo de um mês, disponível apenas para os alunos que querem ir para o último ano de filosofia com um curso a mais no currículo, já estava acabando, de acordo com as nossas contas ela viria pra casa no dia seguinte. - Preciso desligar.
- Sinto sua falta aqui comigo - Eu sussurrei.
- Hey.. Te amo meu gato.
- Também te amo minha gata! - Ela desligou.